A importância e abrangência do pilar da governança no espectro ESG dentro das empresas envolve vários pontos de atenção já mencionados nos textos precedentes desta série. Há um entrelaçamento natural com as dimensões ambiental e social, demandando uma necessária busca de harmonia do conjunto.
A chave, no entanto, para conduzir e direcionar práticas sustentáveis, guiadas pela adoção de princípios éticos, legais e transparentes, está numa gestão de perfil responsável e equilibrado, tanto na interação com colaboradores como no relacionamento com os demais públicos de interesse.
No caso das companhias do setor elétrico, em especial, as expectativas e cobranças se multiplicam. Exige-se uma postura comprometida e centrada na dedicação absoluta à atividade fim.
Geração, transmissão e distribuição de energia são, afinal, serviços públicos essenciais concedidos e fiscalizados pela União. País e população são totalmente dependentes do desempenho correto dessas empresas, cuja qualidade de atuação interfere diretamente no dia-a-dia das pessoas e da economia nacional.
Reforçando mais uma vez que operações envolvendo eletricidade são de alto risco em todas as fases da cadeia industrial, com forte impacto sobre o meio ambiente, recursos naturais e pessoas. Em contrapartida, a atratividade financeira é elevada e segue perene. Nunca se enalteceu tanto a necessidade imperiosa de um processo de transição energética, frente aos poderosos efeitos do aquecimento global, o que vem movimentando pesados investimentos ao redor do mundo.
Na geração, há o rígido controle do armazenamento de água nas hidrelétricas, onde um erro mais grave pode tanto danificar sistemas e estruturas civis, como também causar inundações desastrosas. Em transmissão, o zelo pela continuidade e qualidade pode ser prejudicado por eventos fora do controle, como queimadas ou episódios climáticos extremos. Na área de distribuição, da mesma forma, redes urbanas sem a devida manutenção representam perigo para o público. Seja pelo risco de contato acidental – ou indevido – com a alta tensão, seja por efeito de surtos que levam à queima de equipamentos domésticos, comerciais ou industriais.
Do ponto de vista das relações externas, é inviável, portanto, administrar uma concessionária elétrica sem procurar cultivar uma saudável interação com a sociedade em seus diversos segmentos. Houve avanços significativos ao longo dos últimos anos, mas há especialistas que enxergam que uma gradativa curva de aprendizado nesse trabalho de aproximação está em andamento, restando etapas para chegar a uma maturidade plena.
Desafio da estabilidade gerencial
Já do ponto de vista interno das corporações do setor de energia, balancear missão delegada, envolvimento dos colaboradores, sucesso nos negócios e rentabilidade esperada pelos acionistas requer larga experiência profissional e boa dose de inteligência emocional. Nessa fórmula entram ainda fatores relevantes como redução de riscos, transparência, confiança e inovação.
Manter equipes em elevado grau de motivação, independentemente de uma boa remuneração, leva em conta reconhecer e aproveitar as habilidades específicas de valores individuais e coletivos. Da mesma forma, cabe aos líderes bem preparados lidar com o estresse, desenvolver empatia, comunicar-se de forma eficaz e tentar solucionar problemas colaborativamente, repartindo o mérito de resultados bem sucedidos.
A arbitragem proativa entre a cúpula de comando e os times, sejam de backoffice ou de operações, aparece nesse contexto como mais uma componente de forte atenção, na medida em que conflitos naturais precisam ter sua energia adjacente canalizada para a prosperidade da atividade fim da organização. Isso tanto em situações de normalidade como em momentos de crise eventual, quando é preciso manter a união e foco na solução de desafios.
Bem intangível
No capítulo dos recursos humanos, em especial, uma sintonia sempre afinada com as principais tendências é o que vem prevalecendo como conduta indicada para corporações que se entendem modernas e dinâmicas. A palavra de ordem é diversidade.
Gênero, raça, etnia e orientação sexual importam na medida em que políticas de inclusão se impõem num cenário dominado pela pluralidade. São fatores que não podem obliterar habilidades e expertises pessoais, permitindo assim a livre mobilidade das pessoas nos diversos níveis de carreira. O mesmo tratamento se aplica a quem é portador ou portadora de necessidades especiais. A busca por talentos brilhantes não deve, enfim, estar somente atrelada à fiel obediência da legislação de cotas.
O setor elétrico nacional está comprovadamente evoluindo nesse contexto, deixando em passado distante episódios no mínimo constrangedores. Se em grandes obras sequer havia toalete reservado para mulheres, atualmente a força de trabalho feminina vem se firmando, estabelecendo altos padrões de competência em cargos executivos, embora ainda em patamares salariais que, segundo pesquisas, precisam ser devidamente ajustados.
Na área de fontes renováveis há, inclusive, times integralmente formados por mulheres na operação de parques eólicos. Por sua vez, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), em várias oportunidades, tem colocado o comando de alguns dos seus centros regionais sob os cuidados de equipes femininas.
Reputação em alta
No plano corporativo, em particular, a transparência está entre os principais atributos das companhias que sabem como construir não só uma imagem confiável aos olhos do mercado, como também comprovar na prática que o foco central é criar valor. No caso do setor elétrico, vale destacar, há desafios adicionais.
A própria atividade fim, seja de geração, transmissão, distribuição ou mesmo de comercialização de energia, enfrenta vários fatores imponderáveis que impactam desde as atividades cotidianas mais comuns no campo operacional, até as cotações do produto final. Há questões marcantes como condições climáticas sazonais, ingerência política, legislação de alta complexidade e insegurança jurídica pontual.
Em meio a essa realidade, metas claras, engajamento com investidores e comunicação assertiva cumprem papéis estratégicos. Bem geridos, ficam perfeitamente perceptíveis a analistas e formadores de opinião. Ou seja, a divulgação de atributos positivos não fica restrita aos documentos formais, pois acabam transbordando naturalmente ao conhecimento público no dia-a-dia.
Entram aqui em cena os chamados investidores institucionais. Do outro lado do balcão, são agentes determinantes na mecânica de compra e venda de papéis, primeiros a identificar oportunidades em companhias promissoras. Fundos de pensão, gestores de ativos e fundos de investimento tem alcançado notoriedade justamente por motivarem empresas a adotarem critérios ESG.
Eles podem votar a favor de propostas que envolvam, por exemplo, controle de emissões de carbono. Por isso, segundo apontam especialistas, empresas com boas práticas ESG são avaliadas como negócios de menor risco e mais resilientes a longo prazo, criando melhores chances para captação de aportes, num processo que se torna virtuoso.
O setor elétrico nacional, a propósito, está se destacando pelo compromisso de descarbonizar sua matriz e investir firme em transição energética. Há grandes grupos, por exemplo abrindo mão da operação de usinas termelétricas para se dedicar integralmente a fontes renováveis. Até mesmo empresas de gás natural estão abrindo espaço para a aquisição de biometano, como forma de diversificar suas aquisições de suprimento.
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